Este estudo versa sobre o trabalho docente no contexto da Universidade Federal de Sergipe e na Universidade do Porto, estrato mais elitizado, que personifica avanços recentemente alcançados nas relações de gênero mais igualitárias, mas também expressa conflitos e contradições intrínsecas a qualquer processo de mudança social em uma Instituição Federal de Educação Superior. Os estudos de gênero priorizam metodologias qualitativas a partir dos propósitos da pesquisa. A opção metodológica adotada não prescinde para sua operacionalização da análise conjuntural. Optou-se por uma gama de ferramentas específicas integrando-se os aspectos macro/micro, subjetivos e objetivos, intra e inter-individual, o intra e o inter-grupal, o intra e o inter-cultural, visando restabelecer a identidade entre sociedade, universidade e o trabalho docente, para interpretar mecanismos de discriminação, estereótipos construídos nos processos de educação/socialização que interatuam potenciando os de gênero. A análise de dados seguiu um curso indutivo, para a reconstituição das experiências subjetivas das docentes, concebidas coletivamente nas interações sociais no cotidiano da instituição de ensino superior pública. A problemática de gênero emerge, seja na divisão do trabalho, na construção de projetos/carreiras, nas contradições, barreiras e conquistas presentes neste percurso histórico. A elevada carga de trabalho impacta na vida familiar, no trabalho produtivo e reprodutivo com desvantagens para as mulheres. Observa-se a divisão sexual por meio da organização do orçamento familiar, da administração doméstica e da educação dos filhos. Para os homens, a família nunca atrapalhou, enquanto a docente/mãe/esposa, por vezes, sacrifica-se em prol da família e da carreira do marido. As diferenças, distinções e desigualdades são construções sociais presentes não somente entre os nichos de exercício profissional, mas também dentro deles no cotidiano de trabalho reprodutivo e produtivo.
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