Esta pesquisa investiga o ideário anticomunista do clero sergipano a partir do jornal A Cruzada, analisando, para tanto, as matérias de cunho político-ideológico-religioso. Deste modo, busca-se realizar um estudo comparativo entre a Ditadura Varguista (1937-1945) e a Ditadura civil-militar (1964-1985) através dos discursos jornalísticos produzidos por representantes do clero conservador e/ou de intelectuais cristãos que colaboraram na produção deste semanário, que marcou a história do estado de Sergipe de 1918 a 1970. Defende-se, para tanto, a existência de uma heterogeneidade no pensamento conservador sobre o anticomunismo apresentado no jornal A Cruzada. O referido periódico é visto como uma “rede de sociabilidades” que articula os debates ideológicos e os jogos de afinidades desses intelectuais. Considera-se que o ideário anticomunista foi a chave discursiva e ideológica para a deflagração destes dois golpes de Estado, que contou com formas distintas de atuação dos militares das forças armadas, e pode ser visto como uma oposição à ideologia e aos objetivos comunistas. A análise do discurso foi uma importante metodologia de pesquisa, que se alinha a uma perspectiva que a compreende como um modo de entender o texto a partir dos campos simbólico e social dos sujeitos. Deste modo, o jornal A Cruzada foi escolhido por ser visto como uma ferramenta de propagação do discurso religioso e ideológico de viés anticomunista, que vigorou nos períodos correspondentes ao Estado Novo e a Ditadura Civil-Militar, sendo que nesta última foi identificado uma posição mais progressista a respeito deste tema, influenciada pela formação social dos intelectuais envolvidos em sua produção.
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